Especialista aponta que investimento gera retorno direto para as empresas
A saúde mental no ambiente corporativo deixou de ser apenas uma pauta de bem-estar e passou a ser tratada como um pilar estratégico para os negócios. Com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que inclui os fatores psicossociais como parte da gestão de riscos ocupacionais, as empresas brasileiras são chamadas a integrar o cuidado emocional aos seus sistemas de gestão. Para o especialista em Saúde Mental e Terapeuta Mario Lopes, o “investimento em saúde mental não é custo — é retorno estratégico. Quando a empresa cuida das pessoas, melhora o engajamento, reduz o absenteísmo e fortalece a produtividade. ”
Durante muito tempo, falar de saúde mental no trabalho era visto como tabu. Após a Covid-19, no entanto, o tema ganhou força e passou a ser reconhecido como determinante para a sustentabilidade organizacional. Segundo Mario, as empresas mais bem-sucedidas hoje são aquelas que entendem que o equilíbrio emocional é um ativo corporativo. “Estresse, sobrecarga e falta de diálogo afetam resultados. Valorizar a saúde mental é investir em produtividade, inovação e retenção de talentos. ” O especialista defende que as ações de bem-estar deixem de ser pontuais e passem a fazer parte da cultura organizacional, com políticas estruturadas e acompanhamento constante dos fatores psicossociais.
A atualização da NR-1 trouxe uma mudança decisiva para a saúde ocupacional no Brasil. A norma, que estabelece as diretrizes gerais da gestão de segurança e saúde no trabalho, agora reconhece os fatores psicossociais — como estresse, sobrecarga, relações interpessoais e clima organizacional — como riscos que precisam ser mapeados, monitorados e prevenidos. Mario Lopes explica ainda que essa evolução legal coloca o Brasil em sintonia com as tendências internacionais de saúde ocupacional. “A NR-1 oficializa o que a ciência já comprovava: saúde emocional é parte essencial da segurança no trabalho. Não se trata apenas de cumprir uma exigência, mas de integrar o bem-estar ao sistema de gestão, criando ambientes mais saudáveis e resilientes. ”
Ele ressalta que as empresas que incorporam essa visão obtêm ganhos concretos em produtividade, engajamento e imagem institucional, tornando o cuidado emocional um diferencial competitivo. Para aquelas que estão iniciando a implementação da NR-1 e desejam fortalecer a saúde mental dos times, o terapeuta reforça que não é necessário começar com grandes projetos. “O primeiro passo é abrir espaços de escuta e reconhecer os fatores que afetam o bem-estar da equipe. Pequenas ações consistentes são capazes de transformar a cultura corporativa. ”
O terapeuta destaca que práticas simples podem ser adotadas no dia a dia: pausas regulares durante o expediente, incentivo ao sono reparador, estabelecimento de limites entre vida pessoal e profissional e ações de reconhecimento dentro das equipes. Essas medidas, segundo ele, geram efeitos diretos na motivação e na performance, especialmente quando acompanhadas de uma liderança empática e comprometida.
Com a chegada da nova NR-1, as empresas brasileiras têm agora um marco legal e técnico para estruturar políticas de saúde mental de forma contínua e mensurável. “Quando a gestão da saúde mental é tratada como estratégia — e não como custo —, todos ganham: a empresa, o colaborador e a sociedade”, destaca.

