Comidas mais ricas, consumo de álcool, sobremesas e noites curtas fazem parte do fim de ano. Isoladamente, esses excessos não destroem a saúde.

O problema real, segundo o médico funcional e especialista em emagrecimento Dr. Adriano Faustino, surge quando as pessoas tentam “compensar” a ceia com medidas extremas, como jejuns prolongados, treinos extenuantes ou dietas muito restritivas.
“O corpo humano consegue lidar com episódios pontuais de excesso. O erro está em responder com punição fisiológica. A ciência favorece correções simples: proteína e hidratação, sono adequado e movimento leve“, explica Dr. Faustino.
A seguir, as três atitudes com melhor relação entre benefício e risco, sustentadas por evidências científicas e aplicáveis à rotina real das pessoas.
1) Proteína e hidratação nas primeiras 24–48 horas
Após refeições hipercalóricas, especialmente ricas em sódio e álcool, o organismo tende a reter líquido e apresentar maior instabilidade glicêmica. Retomar rapidamente o básico — proteína suficiente associada à hidratação adequada — acelera a recuperação do controle do apetite e do metabolismo.
Uma revisão publicada no American Journal of Clinical Nutrition (“The role of protein in weight loss and maintenance”) mostra que dietas com maior teor proteico estão associadas a maior saciedade, preservação de massa magra e melhora de parâmetros cardiometabólicos no manejo do peso.
“Na prática, isso significa incluir proteína em todas as refeições e manter ingestão regular de água ao longo do dia. Essa estratégia reduz o chamado ‘efeito rebote’ de fome e beliscos após as festas“, orienta o médico.
2) Priorizar o sono, porque ele regula fome, insulina e cortisol
Um dos erros mais comuns no pós-festa é tentar corrigir o excesso apenas com disciplina alimentar, sem ajustar o sono. Dormir pouco altera hormônios que regulam o apetite e piora o metabolismo da glicose.
Um estudo clínico publicado na revista The Lancet (“Impact of sleep debt on metabolic and endocrine function”) demonstrou que a restrição de sono leva à piora da tolerância à glicose e ao aumento do cortisol no período noturno, entre outras alterações hormonais.
“Quando a pessoa dorme mal, sente mais fome, tem maior desejo por carboidratos e se recupera pior. No fim de ano, dormir bem é uma das intervenções metabólicas mais importantes“, destaca o especialista.
3) Movimento leve em vez de ‘pagar a conta’ com treino pesado
Muitas pessoas tentam compensar os excessos com treinos intensos logo após noites curtas e alimentação pesada. Do ponto de vista fisiológico, isso pode aumentar o estresse do eixo hipotálamo–hipófise–adrenal, em vez de facilitar a recuperação metabólica.
Um estudo em endocrinologia indexado no PubMed (“Exercise and circulating cortisol levels: the intensity threshold effect”) mostrou que exercícios de intensidade moderada a alta estão associados a elevações mais expressivas do cortisol, sugerindo a existência de um limiar de intensidade para essa resposta.
“No pós-festa, caminhar, alongar, fazer mobilidade e se expor à luz solar pela manhã costuma ser mais eficaz do que treinos exaustivos. Esse tipo de movimento reduz inchaço, melhora a disposição e não aumenta a carga de estresse“, explica Dr. Faustino.
A lógica por trás dessas orientações: flexibilidade metabólica
Essas medidas convergem para um conceito central da fisiologia moderna: flexibilidade metabólica, definida como a capacidade do organismo de alternar eficientemente entre o uso de carboidratos e gorduras conforme a demanda energética.
A revisão “Metabolic Flexibility in Health and Disease”, publicada na revista Cell Metabolism, descreve que a perda dessa flexibilidade está associada à resistência à insulina e a disfunções metabólicas, enquanto sono adequado, atividade física apropriada e alimentação equilibrada ajudam a preservá-la.
Quem é Dr. Adriano Faustino

* Médico graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
* Título de Especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas;
* Formação em Geriatria, Nutrologia, Medicina Funcional, Fisiologia Hormonal e Oncologia Integrativa;
* Coordenador do Ambulatório de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital Regional de Betim/MG;
* Professor universitário nas áreas de Medicina Legal, Anatomia Médica, Primeiros Socorros e Legislação Médica;
* Foi Professor de Pós-Graduação na Fundação Unimed e no Mestrado em Saúde da Faculdade de Direito Milton Campos (MG);
* Diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Longevidade (SBML) e da Sociedade Brasileira de Medicina da Obesidade (SBEMO);
* Idealizador do Programa Saúde Máxima e do Protocolo de Medicina Investigativa, já ajudou milhares de pacientes a transformarem suas vidas com diagnósticos precisos e abordagens terapêuticas baseadas em ciência de ponta, estilo de vida, alimentação e intervenções personalizadas;
* Desenvolvedor do Protocolo C.A.U.S.A. – Câncer, Autocuidado, Unidade, Saúde e Ação;
* Autor do livro Cientificamente Divino – Princípios bíblicos e científicos para uma saúde máxima.
Mais informações disponíveis:
Site: www.institutofaustino.com.br
Instagram: @dr.adrianofaustino | @institutofaustino

