quinta-feira, outubro 10, 2024

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O relevante papel da enfermagem na reprodução humana assistida

Por Camila Lopes Moraes

A história da humanidade mostra, desde os seus primórdios, que os seres humanos precisam de cuidado para sobreviver, para viver com saúde e bem-estar e para se curar em situações de doenças. A enfermagem é a profissão do cuidado e a que mais tem produzido conhecimentos para fundamentar as diversas dimensões do cuidar. No que diz respeito à saúde, o processo de cuidados requer muito mais que tecnologia para produzir medicamentos, equipamentos médico-hospitalares e diagnósticos precisos. É preciso produzir conhecimento para cuidar de seres humanos com individualidades tão complexas e distintas e de dimensões familiares e de vida tão díspares.

Pacientes que buscam apoio da medicina reprodutiva de forma assistida – em processos como a inseminação artificial ou a fertilização in vitro – e que se enquadram em casos de infertilidade, idade avançada, casais homoafetivos, gestação independente ou que precisam diminuir riscos de doenças genéticas, têm, nos profissionais de saúde, especialmente os da enfermagem, verdadeiros aliados em aconselhamento, orientação e cuidados.

É ele o elo vital entre os pacientes, médicos e outros integrantes da equipe multidisciplinar. Suas funções são diversas e englobam desde o suporte emocional até a execução de procedimentos técnicos, todos essenciais para o sucesso do tratamento.

Os profissionais da enfermagem que trabalham com reprodução assistida precisam ter conhecimento aprofundado sobre vários temas relacionados direta e indiretamente à infertilidade; habilidade psicomotora; e capacidade de utilizar as técnicas necessárias da área. Seu comportamento inclui entender aspectos médicos e técnicos dos tratamentos de fertilidade oferecidos na clínica, implicações emocionais e psicológicas para todos os envolvidos (casais, solteiros e familiares) e as opções de suporte disponíveis, baseados sempre no respeito e preservação dos seus direitos e sigilo.

Sua atuação no campo da reprodução humana assistida é ampla e vai desde o cuidado direto ao paciente até o apoio emocional ao longo do tratamento e, até mesmo, ao término desse processo tão delicado. Esse cuidado abrange, não somente o físico, mas o emocional e psicológico, que são igualmente importantes para evitar o desgaste dos tentantes, haja visto que a gestação é um grande sonho de vida para milhares de pessoas, mulheres e homens.

Além de ser o responsável por orientações gerais de todo o programa de reprodução assistida, acompanhando os casais desde sua primeira consulta até a alta para a obstetrícia iniciar o pré-natal do bebê, o profissional da enfermagem é quem também orienta sobre o uso das medicações, como prepará-las e aplicá-las, além de acompanhar e avaliar efeitos colaterais e dúvidas sobre o uso. Ele também indica sobre as datas de realização dos exames de ultrassonografia e agendamento de procedimentos no centro cirúrgico, como punções foliculares e transferências embrionárias.

O acompanhamento durante todos os procedimentos no centro cirúrgico também é realizado pelo profissional da enfermagem, tanto como apoio técnico quanto como suporte emocional nos momentos de maior fragilidade. O contato próximo com o paciente/casal tem o objetivo de reduzir a ansiedade, com esclarecimentos de dúvidas e colaborando para que todo o tratamento transcorra de maneira mais natural possível.

Mesmo atuando em um ambiente altamente tecnológico, a enfermagem precisa lançar mão de linguagem não verbal de empatia, esperança, confiança e respeito às demandas biopsicossociais dessas pessoas que buscam realizar o sonho da maternidade e da paternidade.

Neste cenário, percebe-se que o papel da equipe de enfermagem é realmente multifacetado e fundamental nos tratamentos de reprodução assistida. Com o aprimoramento das técnicas de reprodução humana cada vez mais constante, o profissional deve ter visão ampliada e flexível para constituir uma equipe comprometida e de linguagem padronizada, e acima de tudo, humanizada e individualizada. Para isso, buscar se manter atualização sobre o tema e torna este profissional cada vez mais inserido no tratamento dentro das clínicas de reprodução humana, oferecendo mais segurança e excelência aos pacientes.


Camila Lopes Moraes é enfermeira na Origen BH

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