Em reunião, Lula também decidiu escalar chanceler Mauro Vieira para se pronunciar oficialmente sobre a crise com Israel nesta segunda-feira
O presidente Lula decidiu que não fará, pelo menos por ora, qualquer novo discurso se desculpando com o governo de Israel pela declaração em que comparou as mortes de palestinos na Faixa de Gaza ao Holocausto.
A decisão foi tomada por Lula durante reunião de emergência com ministros e auxiliares, na manhã desta segunda-feira (19/2), no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
Participam do encontro o ex-chanceler Celso Amorim, principal assessor do petista no Planalto para assuntos internacionais, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.
Na reunião, Lula também decidiu escalar o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, para se pronunciar oficialmente sobre o assunto ainda nesta segunda.
Vieira participou remotamente da reunião com Lula, pois está no Rio de Janeiro para eventos do G20. O chanceler acompanhou o presidente na viagem à Etiópia, mas seguiu para a capital fluminense assim que chegou ao Brasil.
Israel está “escalando” a crise
A decisão de Lula de não se desculpar com Israel foi tomada após o diagnóstico no Planalto e no Itamaraty de que o governo israelense vem agindo, nas últimas horas, para “escalar” a crise.
A avaliação tem como base duas ações recentes de Israel: a de anunciar que Lula é “persona non grata” no país até que se retrate e a de levar o embaixador do Brasil no país, Frederico Mayer, para o Museu do Holocausto.
“Isso não existe em diplomacia. Claramente querem escalar”, afirmou à coluna, sob reserva, uma influente fonte da diplomacia brasileira que acompanha de perto o desenrolar da crise.
A fala de Lula
A fala de Lula foi feita durante entrevista a jornalistas no domingo (18/1), no hotel em que ele estava hospedado em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde o petista participou da cúpula da União Africana, que ocorreu no final de semana.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente.