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Hip hop também se aprende na escola e desenvolve criatividade, expressão corporal e artística em crianças

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Proposta pedagógica da Escola Lumiar Pinheiros é oferecer opções de atividade física e cultural além das modalidades tradicionais

A criatividade, o pensamento crítico, a formação artística e a expressão corporal são apenas alguns dos aprendizados que o hip hop traz para as salas de aula, mas há muito mais, argumenta Dalila Honorato Parente, diretora pedagógica da Escola Lumiar Pinheiros. “O hip hop traz um contexto rico para explorar diversos conteúdos escolares de forma transdisciplinar. Além de tornar o aprendizado mais envolvente, também permite a conexão de conceitos a elementos culturais significativos e contemporâneos.”

Na unidade da Lumiar em Pinheiros, o hip hop foi conquistando espaço aos poucos entre os alunos e hoje faz parte das atividades extracurriculares (Afterschool) da escola, conta Dalila. “Temos um mestre que é apaixonado por hip hop e contagiou nossos estudantes com sua paixão. Os estudantes aprendem movimentos complexos da dança, desenvolvendo habilidades motoras importantes, e aprendem a participar de batalhas, o que proporciona a eles o desenvolvimento de muitas habilidades socioemocionais e inclusão.”

O mestre de hip hop da escola é Jackson Roberto Nascimento Casemiro, líder dos inspetores da Lumiar Pinheiros e conhecido como Zulu no movimento cultural. Professor de hip hop há dois anos e meio na escola, Zulu começou a dançar break (também chamado de breaking ou breakdance), grafitar e escrever letras de rap em 2008, quando tinha 12 anos. Para ele, a principal lição que o hip hop transmite é a autoconfiança.

“É muito lindo quando uma criança começa a aprender algum movimento em que ela esteve treinando por vários dias. Quando elas percebem que realmente aprenderam, ficam muito felizes e cada vez mais confiantes.” Zulu conta que muitos de seus alunos já participam de batalhas de dança na escola e fora dela, competindo com outras crianças e até adultos.

Transdisciplinaridade

Formado por quatro elementos artísticos – grafite, break (dança), MC e DJ (ambos compõem o estilo musical rap) –, o hip hop se popularizou no Brasil na década de 1980 nos bairros periféricos paulistanos. Desde então, vem ganhando espaço como manifestação cultural e até esportiva. Nas Olimpíadas de 2024 em Paris, o break fará sua estreia como esporte.

Por todo esse conteúdo, o hip hop pode gerar aprendizados transdisciplinares, explica Dalila. “Para além da dança, o hip hop também é história, expressão de resistência, subversão, artes visuais, moda, música e poesia. Como qualquer expressão artística genuína e profunda, propicia uma infinidade de aprendizados e reflexões.”

Entre os aprendizados, a diretora menciona:

1) Educação Literária: criatividade; pensamento crítico; cultura afro-americana e latino-americana; poesia; análise de letras; história e cultura do hip hop; análise do contexto social

2) Arte e Educação Visual: grafite e arte de rua; cultura visual

3) Educação Física: breakdance como expressão artística e atividade física; dança de rua; ritmo e métrica

4) Educação Musical: elementos sonoros do hip hop; história da música urbana

5) Educação para a Cidadania: mensagens sociais e questões como desigualdade, racismo e justiça social; ativismo cultural e político

Novos bboys e bgirls?

Para Zulu, a inclusão do break nas Olimpíadas de Paris traz muita visibilidade ao esporte e os praticantes – chamados de bboys (meninos) e bgirls (meninas) – têm na escola uma oportunidade de formação.

“Com certeza, o break é a dança que vem da cultura hip hop. Mas o fato de existir competições onde usamos todas as partes do corpo faz dele um esporte também. Hoje em dia, um bboy ou uma bgirl pode se considerar um atleta de alto rendimento. E se ele já tiver experiência na fase escolar, vai ser de grande ajuda”, avalia.

Zulu foi um dos responsáveis pelo convite ao bboy Perninha, atleta que vem ganhando destaque em competições mundiais, para conversar com os alunos no começo de novembro. Na escola, o bboy contou sua história no hip hop e conduziu uma oficina de break para as crianças.

“Sou amigo do Perninha há vários anos e as crianças se apaixonaram ao ver ele dançar pela televisão. Assim que vimos uma oportunidade, chamamos ele e foi uma experiência única que as inspirou demais. Ouvir as histórias e aprender com o Perninha foi um dia marcante”, relata Zulu.

Atividade física

Como atividade física, o break é uma opção que a escola oferece aos alunos além das modalidades tradicionais, disse Dalila. Costuma-se associar o esporte às práticas mais comuns, como futebol, vôlei, basquete e handebol, mas nem todos os alunos vão se interessar por elas, continua a diretora.

“Vemos também uma mudança na autoestima dos estudantes, que nem sempre se interessam pelos esportes mais comuns. Mas, ao experimentar coisas novas, descobrem alguma nova paixão e um jeito de se desenvolver fisicamente respeitando suas preferências e sua personalidade.”

O objetivo da escola é oferecer alternativas para que os próprios alunos descubram suas vocações, e o hip hop é um deles. “A base da metodologia da Lumiar é a combinação dos interesses dos estudantes com suas necessidades de aprendizado (habilidades e conteúdo). Já tivemos projetos de hip hop concluídos nas nossas unidades e temos alguns em andamento. E continuaremos tendo, sempre que ele surgir como possibilidade dentro do nosso contexto”, conclui a diretora.

Sobre a Escola Lumiar – Fundada em 2003, a Escola Lumiar surgiu como uma iniciativa de educadores de vanguarda para transformar a educação. Através de uma metodologia que prioriza a autonomia e a individualidade de cada estudante, o sistema da Lumiar se fundamenta em seis pilares: tutores e mestres; currículo em Mosaico; aprendizagem ativa; avaliação integrada; possibilidade de multietariedade e gestão participativa.

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