A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), vinculada ao Ministério da Fazenda, divulgou o primeiro balanço oficial sobre o desempenho do mercado de bets no Brasil após seis meses de regulamentação. De acordo com o relatório, 17,7 milhões de brasileiros realizaram apostas de quota fixa no período, movimentando uma receita bruta de R$ 17,4 bilhões entre janeiro e junho de 2025.
O levantamento também aponta que o governo intensificou o combate às operações ilegais. Mais de 15 mil sites não autorizados foram bloqueados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) desde outubro de 2024, e 255 contas de pessoas e empresas envolvidas em atividades irregulares foram encerradas por instituições financeiras a pedido da SPA.
Esportes e campeonatos mais populares
Em outra frente, a bet KTO divulgou números da plataforma em agosto. O futebol mantém sua liderança absoluta entre as modalidades mais apostadas, concentrando 88% das apostas e mais de 83% dos usuários ativos. O tênis (7,02%) e o basquete (3,37%) completam o pódio das modalidades preferidas.
Entre os campeonatos, o Brasileirão Série A aparece como o mais popular, respondendo por 11,87% das apostas, seguido por Série B (5,10%), Copa Libertadores (4,50%) e Premier League (3,97%).
O levantamento também indica crescimento expressivo em modalidades como futsal (+61%) e basquete (+29%), o que reforça a diversificação gradual do público apostador no país.
Perfil do apostador brasileiro
O relatório do Sistema Geral de Gestão de Apostas (Sigap) mostra que a maioria dos apostadores é composta por homens (71%), enquanto as mulheres representam 28,9% do público. A faixa etária mais ativa é a de 31 a 40 anos, seguida pelos grupos de 18 a 25 e 25 a 30 anos.
A média de gasto por apostador ativo é de R$ 983 por semestre, o equivalente a cerca de R$ 164 por mês. O valor reflete o comportamento de consumo de um mercado que passou a operar dentro dos parâmetros legais e tributários definidos pela Lei 14.790/23.
Crescimento do mercado regulado
Desde a entrada em vigor da regulamentação, o setor de bets tem registrado expansão consistente. Segundo dados obtidos no relatório o portal Aposta Legal, o acesso a bets cresceu 90% no 1º trimestre da regulamentação, superando 5 bilhões de acessos no período.
Convertendo em dados mais simples, a média seria o equivalente a 650 acessos por segundo. O aumento é atribuído à segurança jurídica trazida pela nova legislação, que impulsionou a adesão de apostadores e operadores.
Atualmente, 81 empresas estão autorizadas e monitoradas pela Secretaria de Prêmios e Apostas. O secretário da pasta, Regis Dudena, afirmou que o foco do órgão é manter a transparência e o cumprimento das regras, além de reforçar a proteção ao consumidor e a integridade do sistema financeiro.
Desafios do mercado ilegal
Apesar do avanço do segmento regulado, 61% dos apostadores brasileiros ainda utilizaram plataformas irregulares em 2025, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva. O estudo aponta que a falta de clareza sobre a legalidade das plataformas e a publicidade descontrolada contribuem para esse cenário.
O levantamento também estima uma perda fiscal entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhões apenas no primeiro trimestre do ano, em decorrência da atuação de sites não licenciados.
A SPA reforçou a parceria com o Conselho Digital do Brasil e grandes empresas de tecnologia para ampliar a retirada de conteúdos e perfis que promovem bets ilegais, garantindo a integridade das operações no ambiente digital.
Com o avanço da regulação e o aumento da arrecadação, o Ministério da Fazenda avalia que o setor de bets tende a se consolidar como um segmento relevante da economia digital brasileira. O foco agora, segundo a SPA, será manter a fiscalização ativa e garantir que o crescimento do mercado ocorra dentro das normas legais e com responsabilidade social.