Enquete promovida pelo Sexlog, maior rede social de sexo da América Latina, mostrou que mais da metade das brasileiras têm curiosidade ou prazer em estar no comando durante o sexo.
Por muito tempo, o imaginário sexual feminino foi moldado pela ideia da mulher passiva, aquela que espera o desejo acontecer, que se entrega, mas não conduz. Uma recente enquete promovida pelo Sexlog, maior rede social de sexo da América Latina, mostrou que mais da metade dos brasileiros têm curiosidade ou prazer em estar no comando durante o sexo.
De acordo a pesquisa realizada com 5,5 mil participantes, 53,6% das mulheres afirmam que o maior prazer está em ver o outro sob comando, enquanto 33,1% gostam de explorar limites e fantasias. O perfil predominante é de mulheres entre 35 e 44 anos, faixa etária que demonstra maior equilíbrio entre autoconhecimento e ousadia. Já entre as mais jovens, de 25 a 34 anos, predomina a curiosidade e a vontade de descobrir novas formas de prazer sem culpa.
A enquete revela que as mulheres dominadoras não são necessariamente quem o estereótipo pinta. Muitas se descrevem como discretas no dia a dia, mas intensas entre quatro paredes. “No trabalho sou tranquila, no sexo viro outra pessoa”, diz uma das frases com que 23% das respondentes se identificaram. Para a maioria, o fetiche não é sobre agressividade, e sim sobre controle emocional, confiança e troca: um jogo de poder consensual e excitante.
Veroca*, usuária do Sexlog há quase nove anos, conta que sua virada de chave aconteceu quando percebeu que ser dominada não a satisfazia. “Meus parceiros não me faziam chegar onde eu queria. Foi quando entendi que, se eu conduzisse, poderia fazer ele me dar prazer do jeito que eu quero, e como eu quero. Mas deixo ele achar que manda no relacionamento”, brinca. Solteira e assumidamente dominante, ela diz que alguns homens se assustam quando percebem sua postura: “Nem todos estão prontos para lidar com uma mulher que sabe o que quer. Mas, no fim, eu acabo conduzindo a situação e ele ficando.”
Para a sexóloga Bárbara Bastos, esse movimento está diretamente ligado à forma como as mulheres têm se reconectado com o próprio desejo. “Por muito tempo fomos ensinadas a sermos passivas, a agradar, a esperar. Quando uma mulher se permite comandar, ela não está apenas invertendo papéis: está se libertando de condicionamentos antigos. A dominação pode ser uma forma de afirmar autonomia, segurança e autoconhecimento, e, claro, de brincar com as possibilidades eróticas que esse poder desperta”, diz.
Desejo com limites
O fetiche, embora popular, ainda é alvo de estigmas. 20% dos entrevistados associam o tema à agressividade, e 16% dizem que o preconceito vem da ideia de que mulheres no comando seriam “dominadoras demais” até fora do sexo.
Mas, como explica Bárbara Bastos, a diferença entre prazer e abuso está justamente na consciência. “A grande diferença está no consentimento. Dentro do sexo, o controle é um jogo combinado, em que as partes confiam uma na outra. Fora dali, o controle real é desequilíbrio. No sexo, a dominação é desejo, não posse”.
A especialista ainda lembra que o diálogo é o primeiro passo para viver o fetiche sem medo. “A culpa aparece quando associamos prazer à transgressão. Mas o desejo é apenas uma linguagem do corpo e da mente. Quando há conversa, limites e respeito, o fetiche deixa de ser tabu e passa a ser libertação.”
Essa entrega também tem um lado simbólico. A especialista explica que muitas mulheres tímidas ou reservadas fora do quarto se sentem mais livres quando exploram esse papel. “O espaço sexual permite acessar partes de nós que, no cotidiano, ficam reprimidas. A mulher tímida pode ver na dominação uma forma de viver sua potência. É como se o quarto virasse um palco onde o inconsciente brinca e tudo o que é contido encontra um espaço seguro para se manifestar.”
Veroca concorda. Ela acredita que o primeiro passo para viver essa experiência de forma saudável é o autoconhecimento. “Antes de dominar alguém, é preciso se conhecer. Saber onde sente prazer, o que desperta desejo, o que te faz perder o controle. Quando você entende o que te excita, passa a exigir mais do parceiro e, muitas vezes, se torna dominadora sem nem perceber.”
Sobre o Sexlog
Com mais de 23 milhões de usuários, o Sexlog é a maior rede social de sexo e swing da América Latina. A plataforma promove liberdade, respeito e diversidade, sendo um espaço onde as pessoas podem explorar suas fantasias de forma segura e consensual.
