Reforçar interesse após a entrevista pode abrir portas, mas especialista em RH alerta: é preciso saber o que dizer, quando e como fazer o contato
Por muito tempo, profissionais se questionaram se o contato com o recrutador após uma entrevista poderia soar como insistência ou, ao contrário, como uma demonstração genuína de interesse pela vaga. No atual mercado de trabalho — competitivo e cada vez mais digital, a prática do follow-up, como é chamada essa estratégia, ganhou novas camadas.
Para Patrícia Suzuki, CHRO do Redarbor Brasil, grupo detentor do Infojobs, o follow — ou seja, a mensagem enviada após o processo seletivo — pode ser uma ferramenta valiosa, desde que utilizada da forma correta. “Entrar em contato é uma boa estratégia para reforçar seu interesse e manter seu nome presente na cabeça do recrutador, mas precisa ser feita no tom e no momento certos”, pondera.
Segundo Patrícia, o primeiro cuidado é evitar que o contato tenha conotação de pressão para que haja uma resposta imediata. “O objetivo não é cobrar, mas sim criar um ponto de conexão. Muitas vezes, apenas uma mensagem de agradecimento pela oportunidade ou um lembrete de que você continua interessado na vaga é suficiente”, explica. A executiva reforça que, em processos longos ou com várias etapas, é natural que o retorno leve mais tempo. Em alguns casos, o profissional candidato pode perguntar sobre o tempo médio esperado para o fechamento da vaga. “Assim, é possível mencionar essa conversa de forma natural na hora do contato posterior.”

O momento ideal, de acordo com a executiva do Infojobs, é entre dois e cinco dias úteis após a entrevista — isso, é claro, se não houver um prazo indicado anteriormente pelo recrutador. Em processos muito disputados, uma mensagem enviada cedo demais pode transmitir ansiedade; tarde demais, por outro lado, perde parte do impacto necessário ou a decisão da seleção já pode ter sido tomada.
Na condução de processos realizados por grandes empresas ou consultorias de recrutamento, muitas vezes há um prazo interno de aprovações que vai além do recrutador com quem você teve contato. “Nesses casos, o retorno pode depender de áreas distintas e até de lideranças de outras empresas. Por isso, o follow-up deve ser breve, educado e sem criar pressão”, pontua Suzuki.
Ela também alerta, que não é apropriado enviar várias mensagens em sequência ou procurar o recrutador em redes pessoais. “A busca pelo feedback deve ocorrer nos canais indicados pela empresa, como e-mail, plataformas de recrutamento ou no máximo uma rede profissional”. Patrícia ainda recomenda que o profissional revise o conteúdo antes de enviá-lo, já que erros de português ou uma mensagem excessivamente longa pode gerar impacto negativo. “O contato direto com as empresas faz parte do processo seletivo, e tudo o que você envia compõe a imagem profissional que o recrutador terá de você.”
Embora não haja garantias ou um padrão de mensagem, a executiva acredita que esse contato pode fazer diferença em casos de “empate”. “Em uma seleção acirrada, na qual profissionais diferentes possuem as mesmas atribuições necessárias à vaga, o candidato que demonstra interesse genuíno, cuidado na comunicação e respeito ao processo pode se destacar.” Mais do que uma ação de persuasão para uma resposta rápida, o contato com o recrutador pode potencializar a construção de relações de curto e longo prazo. “Mesmo que não seja aprovado na vaga, no futuro o recrutador ainda pode se lembrar de você e retomar um contato para outra oportunidade. Manter essa conexão de forma profissional é investir nessa possibilidade”, finaliza.