Com uma leitura simples, ágil e didática, o autor explora as diversas fases que uma pessoa deprimida enfrenta durante as batalhas diárias
“A pessoa não escolhe a depressão. Ela é que escolhe a pessoa”
Julio Cerquetane (pág. 176)
Como lutar contra a depressão? Como encontrar forças, se a pessoa com a doença não tem disposição para quase nada? São questões que Julio Cerquetane (@julio.cerquetane.oficial) aborda em “O Fim da Depressão”, livro publicado pela editora Literare Books Internacional (200 pág.). Com um estilo textual de fácil compreensão, como se estivesse conversando com o leitor, Julio traz um relato íntimo sobre como foi batalhar contra a doença por cinco anos, revelando como conquistou a libertação.
Dividido em 11 capítulos e com prefácio de um especialista, o psiquiatra Pedro Borsato, Julio quebra alguns tabus em relação à depressão, mostrando como a família pode auxiliar nesta fase. No entanto, a obra não visa ser um manual: desde o começo, o autor deixa claro que nenhum livro, nem o dele, pode curar alguém dessa doença psiquiátrica – trata-se de um retrato da vida real, baseado em sua luta para atingir a libertação. A obra, antes e acima de tudo, destaca a necessidade de procurar ajuda médica.
Neste sentido,“O Fim da Depressão” pode ser visto como um amparo sob a forma de leitura, que estende a mão para a pessoa deprimida. Afinal, do aparente “fim do túnel” em que os depressivos se encontram até a luz no fim do túnel, a obra oferece também temas que passam despercebidos porque a doença tende a “cegar” o deprimido, como o hábito da comparação. Na página 130, por exemplo, Julio aponta a diferença que encontrou ao praticar um esporte: antes da depressão, praticava por competição e comparação depois da depressão, pelo simples prazer da atividade e do hobby.
Diante de uma das doenças que mais acomete pessoas na contemporaneidade, Julio relembra que o sofrimento não é a condição de nossa vida e, assim como a depressão, é “um sentimento invasor e oportunista, que procura brechas para entrar, se fortalecer e se manter, como se dependesse de um hospedeiro.”
Após investir anos na construção da obra, o autor apresenta muitas analogias que facilitam a compreensão, sendo a principal delas a “mochila do sofrimento”, que deve ser abandonada o quanto antes. “Sinto que tenho ‘um lugar de fala’, pois senti na pele todos os efeitos e fases da doença”, ressalta. “A obra resume um tríade caminho para que o leitor consiga abandonar a mochila do sofrimento e se reencontrar com a alegria de viver.”
Uma história para além da depressão
Julio Cerquetane nasceu no interior de São Paulo, em Santa Cruz das Palmeiras. Porém, foi criado em Tambaú, região pela qual nutre muito carinho. Atualmente, reside em Ribeirão Preto, também no interior paulista. Formado em Ciências Contábeis desde 1997, é empresário do segmento ceramista, é empreendedor social e fundador do Projeto “Eu Posso”.
Estudioso do comportamento e da mente, ministra palestras e dedica parte de seu tempo aos estudos nesse campo, com certificações em diversas áreas afins. Começou a escrever durante o enfrentamento de sua depressão e tem presença ativa nas redes sociais, onde compartilha tudo o que aprendeu ao se libertar da doença, com o objetivo de ajudar a pessoa deprimida e os mais próximos que também são afetados, como a família, os relacionamentos de amizade, amorosos e os de trabalho.
“O Fim da Depressão” é sua primeira obra, que chega ao mercado literário em 2024, enquanto outras duas obras já estão prontas. O livro de estreia começou a ser escrito como uma companhia, uma terapia para os momentos difíceis. Com o tempo, escrever foi se tornando uma atitude de amor ao próximo: “À medida que ‘me esvazio em conteúdo’, sinto que acabo gerando ao próximo uma palavra, um caminho, uma pequena fresta iluminada para olhar, pois só quem está deprimido sabe como os dias são fechados, sombrios e escuros”.
Em resumo, o livro é o mergulho em uma vida que foi acometida pela doença, mas resgatada após um período de luta, apoio e ajuda médica. Tal qual a flor que desabrocha, nas próprias palavras do autor: “Uma rosa nasce a partir do amor de quem a plantou, mas ela não sabe se será branca, rosa ou vermelha. Ela simplesmente nasce. Da mesma forma, eu abri o coração sem me preocupar com ‘gênero literário’ porque aos meus olhos, muito mais importante que isso era ter a certeza de que realmente o conteúdo poderia ajudar o nosso leitor”, compara.
A obra “O Fim da Depressão” traz o relato de uma experiência de vida que pode inspirar os que buscam uma saída para os seus problemas, facilitando o acesso à informação aos que sofrem da doença, por meio de uma escrita que se posiciona com empatia e sensibilidade diante de um semelhante que precisa de ajuda.
Leia um trecho de “O Fim da Depressão”:
“Num primeiro momento, nem imaginei que os desabafos íntimos se transformariam em livro, mas a vontade de escrever brotou do nada. Comecei a criar em uma despretensiosa manhã de segunda-feira e, de lá pra cá, não parei mais, venho colecionando cadernos e mais cadernos com o desejo de preencher as folhas com tudo aquilo que vinha sentindo. Foi assim que passei a ‘extravasar’ os sentimentos, aliviando a dor e o sofrimento.”
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