quinta-feira, novembro 21, 2024

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Endometriose: A Nutrição como Aliada no Alívio da Dor e Melhora da Qualidade de Vida

A endometriose é uma condição inflamatória crônica debilitante, dependente de estrogênio, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Essa condição afeta cerca de 10% (190 milhões) das mulheres e meninas em idade reprodutiva em todo o mundo e está associada a sintomas como dor pélvica intensa, dismenorreia, queixas gastrointestinais, infertilidade, enxaqueca, fadiga, depressão e ansiedade. 

Nutrição no Manejo da Endometriose:

Embora a endometriose não tenha cura, a alimentação pode ser uma aliada importante no manejo da condição. Dietas anti-inflamatórias e ricas em antioxidantes podem ajudar a reduzir a inflamação e regular os níveis hormonais, especialmente do estrogênio, impactando positivamente a fertilidade e a qualidade de vida das mulheres afetadas pela doença. Além disso, alguns nutrientes específicos têm demonstrado efeitos benéficos na saúde e no bem-estar geral. 

Dieta Vegetariana e de Baixo Índice Glicêmico 

A adoção de uma dieta vegetariana, composta exclusivamente por alimentos de origem vegetal, pode ser uma estratégia eficaz para o manejo da endometriose. Estudos sugerem que essa dieta pode levar à redução da dor e ao aumento dos níveis de globulina de ligação aos hormônios sexuais (SHBG), uma proteína que se liga ao estrogênio, limitando sua ação no organismo. Isso é particularmente relevante, uma vez que a endometriose é uma condição dependente de estrogênio, e a regulação desse hormônio pode impactar diretamente a gravidade dos sintomas. 

Além disso, a combinação de uma dieta com baixo índice glicêmico (IG) e low carb se destaca como uma abordagem eficaz no tratamento da endometriose. Essa dieta ajuda a regular os níveis de insulina, que, quando elevados, estão associados à inflamação crônica. A redução da inflamação é crucial para o controle dos sintomas e pode melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas pela condição. 

Cúrcuma: 

A cúrcuma, especialmente seu principal componente ativo, a curcumina, tem se mostrado uma aliada poderosa no combate à endometriose. A curcumina possui propriedades anti-inflamatórias, ajudando a inibir o crescimento de células endometriais e reduzir a formação de novas lesões. Para maximizar a absorção, é recomendado consumi-la junto com alimentos ricos em piperina, como a pimenta preta, e uma fonte de gordura saudável, como azeite ou abacate. 

Azeite de oliva extravirgem

Os antioxidantes presentes no azeite ajudam a proteger as células contra danos causados por radicais livres, reduzindo o estresse oxidativo. Além disso, alguns estudos sugerem que o azeite pode ajudar a regular os níveis hormonais, o que é benéfico para mulheres com a condição. 

Peixes Gordurosos: Atum, Salmão e Sardinha: 

São ricos em ácidos graxos ômega-3, que possuem propriedades anti-inflamatórias. A ingestão desses alimentos pode ajudar a controlar a inflamação contribuindo para um alívio significativo dos sintomas da endometriose.

Alimentos com Atividade Antiestrogênica

A endometriose é uma condição dependente de estrogênio, tornando essencial a redução dos efeitos desse hormônio para o manejo dos sintomas. Alimentos com propriedades antiestrogênicas podem ajudar a aliviar os sintomas associados à doença.

  • Flavonoides: Estes compostos bioativos ao se ligarem aos receptores de estrogênio, podem competir com o hormônio e reduzir sua ação nos tecidos. Além disso, os flavonoides neutralizam radicais livres, diminuindo o dano celular e a progressão da doença. Eles são encontrados em frutas cítricas, frutas vermelhas, chocolate amargo, chá verde, cebolas, maçãs e uvas vermelhas.
  • Quercetina: Um flavonoide com ação antioxidante que demonstrou potencial para reduzir a proliferação de células endometriais e a inflamação. A quercetina também pode modular a resposta hormonal e está presente em cebolas, maçãs e chá verde.
  • Resveratrol: Conhecido por seus benefícios cardiovasculares, o resveratrol ajuda a regular a atividade hormonal e reduzir a inflamação. Esse composto é encontrado em uvas vermelhas e amendoins.

Considerações Finais:

Embora a dieta não seja uma cura para a endometriose, ela desempenha um papel importante na gestão dos sintomas e na melhora da qualidade de vida das pacientes. A adoção de um plano alimentar equilibrado e adaptado às necessidades individuais, em conjunto com a orientação de profissionais de saúde, pode resultar em melhoras significativas. Portanto, a nutrição deve ser considerada uma parte essencial do tratamento multidisciplinar da doença.

Escrita por:

Adriana Stavro – Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo 

Curso de formação em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard Medical School

Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein 

Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pelo Instituto Valéria Pascoal (VP) Pós-graduada EM Fitoterapia pela Courses4U.

Instagram – @nutriadrianastavro – Mais informações https://lattes.cnpq.br/

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