Especialista explica que é perfeitamente possível planejar a hora de parar de trabalhar, mas isso exige disciplina, constância e atenção aos hábitos corriqueiros

Mesmo quem começa a pensar na aposentadoria com antecedência pode se sabotar financeiramente sem perceber. Isso porque erros simples, cometidos ao longo dos anos, comprometem a formação de uma reserva sólida para o futuro e tornam mais longo o caminho até o merecido descanso. A educadora financeira e especialista em investimentos Adriana Ricci comenta 5 decisões cotidianas, muitas vezes vistas como inofensivas, que podem gerar desequilíbrios nas finanças pessoais no longo prazo.
- Os gastos crescem à medida que a renda cresce e esse comportamento é um dos mais recorrentes. Sempre que há um crescimento na renda, seja uma promoção, um bônus ou mesmo reajustes salariais, rapidamente isso entra na conta de um novo padrão de consumo, ao invés de fortalecer a reserva para o futuro. “Receber mais não significa gastar mais. Se esse dinheiro extra não for direcionado desde o primeiro mês para investimentos consistentes, ele desaparece com o tempo e não traz retorno”, afirma a planejadora financeira.
- Outro erro silencioso está nos pequenos gastos que não são acompanhados, como aplicativo por assinatura, compras impulsivas ou despesas parceladas que podem parecer irrelevantes isoladamente, mas acumuladas ao longo do mês, comprometem parte significativa do orçamento. “O dinheiro some no detalhe. O café diário, a corrida de aplicativo e as assinaturas não utilizadas criam uma despesa invisível, mas contínua”, alerta Adriana.
- Continuar usando o cartão de crédito mesmo sem conseguir pagar tudo o que deve também é um hábito que atrasa a organização financeira. A prática mascara o real impacto dos juros e dificulta o controle de gastos. “O crédito rotativo é uma das dívidas mais caras do mercado. Usar o cartão sem quitar o total da fatura é como caminhar financeiramente para trás”, diz.
- A ausência de uma reserva de emergência é outro ponto crítico. Imprevistos como demissões, problemas de saúde ou despesas familiares exigem respostas rápidas e sem esse fundo, pode ser que seja necessário recorrer a empréstimos ou comprometer investimentos que deveriam estar protegidos.
- Por fim, usar indevidamente receitas inesperadas, como bônus, heranças ou restituições para consumo imediato, já que esses valores são boas oportunidades para acelerar a formação do patrimônio. “A chance de dar um salto na vida financeira não aparece toda hora. Quando surge, é preciso ter maturidade e não desperdiçar”, finaliza Adriana Ricci, que tem mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro.
Sobre a especialista:

Adriana Ricci é especialista em investimentos e tem 25 anos de atuação no mercado financeiro. É fundadora, gestora e head de Operações da SHS Investimentos, empresa que atua no mercado financeiro desde 2008 e possui 2 unidades, sendo a sede em São José dos Campos, SP.
Possui certificações pela Ancord como Assessora de Investimentos, pela Anbima no PQO, Programa de Qualificação Operacional da Bolsa de Valores, e CPA-20, e pela Febraban, a FBB-100. Bacharel em Administração e Financista, pós-graduada com MBA em Finanças, Auditoria e Controladoria pela FGV.